"Cabeça de Borboleta"

Já tive medo de voar..de me deixar levar pelo vento, de planar a toda a velocidade, de chegar ao sol e á lua..Já tive medo de dar a mão ás estrelas, de me deixar envolver pelos perfumes suaves e delicados das rosas numa manhã de Abril..Tive receio de me perder nos caminhos do meu próprio ser, nos caminhos das recordações e lembranças que preservo minuciosamente no meu coração como se de um tesouro se tratasse. Medo de correr pelos campos verdes, de brincar ás escondidas, de comer muita tarde de maçã e de ganhar uma guerra de almofadas..
Agora não. O medo desapareceu tal como se de fumo se tratasse..Já não tenho receio de voar e de chegar á lua, de correr despreocupada pelos campos verdes ou de me empanturrar com tarte de maçã..De destruir as almofadas e de rir, rir muito até ficar com dor de barriga..já não tenho medo de viver, de abrir o meu coração e de sentir tudo e todas as coisas. Podem chamar-me "cabeça de borboleta" se quiserem..porque efectivamente sou e não me importo. Minha cabeça tem asas e voa para lá dos confins longinquos da racionalidade, do metódico e do mecânico, onde a razão passa friamente despercebida, quiçá minorizada. Ela quer ser o coração e o coração por vezes quer ser a cabeça..não sei. Não importa. Só sei que sou "cabeça de borboleta", que não tenho medo e que quero voar..