Sunday, September 16, 2007

O vazio.

Ás vezes. Nem sempre. Mas ás vezes, sou o vazio. Tento justificar o porquê de não ter escrito nada nestes últimos tempos. Mas enfrento um porquê sem justificação. Não haviam. Tinham desaparecido. As palavras.

Ainda me esforcei para encontrar algumas. Bonitas, perfeitas, tristes, pensadas, sentidas..Ou talvez incoerentes, desacertadas, despercebidas, irreflectidas. Palavras de riso e alegria, palavras de lágrimas e tristeza. Mas não. Não haviam. Não as encontrava.

Dei por mim a perseguir a razão, tentando clarificar se não encontrava as palavras ou se nem sequer as procurava. Percebi que eram as palavras que me seguiam, e não eu que as tentava alcançar. Quando assim é, gosto de não escrever.

Escrevo porque tenho palavras, ou pelo menos penso e sinto que tenho. Quando sou o vazio, sou a incoerência, caio na monotonia e na impessoalidade. Na realidade, um vazio também pode ser pessoal, mas se as palavras são vazias, então nem sequer devem ser escritas.

Apesar de tudo, gostei. Gostei de olhar pela janela, de sentir e ver mas não pensar nem escrever. Gostei de não ter palavras. Há alturas em que não queremos encontra-las nem sequer pensar nelas. Não precisamos de as dizer e nem de as escrever. São pura e simplesmente dispensáveis.

Agora, encontrei estas palavras. Talvez tenham sido elas que tenham vindo ter comigo. Não importa. No meu regresso, fica a certeza de que estas não são vazias.